sábado, 28 de julho de 2012

Línguas impulsionam carreira

Especialistas: línguas impulsionam carreira

Falar outras línguas pode mudar o rumo profissional em diferentes áreas

Entrevistas em línguas estrangeiras, sobretudo em inglês, são mais comuns em empresas de maior porte e para níveis hierárquicos mais elevados / Alexander Raths/ Shutterstock Fonte: band.com.br

Não é de hoje que a procura por profissionais que dominem idiomas estrangeiros, especialmente o inglês, está cada vez maior. No entanto, muitas vezes, alguns acabam investindo somente, ou mais, em cursos profissionalizantes como pós-graduação, mestrado e MBA. Aí, na hora da entrevista de emprego, a situação fica complicada.

Pesquisa realizada pela Catho Online, empresa que divulga currículos e vagas na internet, aponta que 5,3% dos brasileiros já fizeram entrevista em língua estrangeira no processo seletivo para o emprego atual. Destas, 80% foram feitas em inglês, 13% em espanhol e 7% em outros idiomas.

Mesmo que o funcionário tenha vários cursos profissionalizantes, o inglês é necessário, segundo a pesquisadora e escritora bilíngue Nara Vidal. "Afinal de contas, todo esse investimento nos estudos deve ter como objetivo o desenvolvimento profissional. E hoje em dia, quer queira ou não, o desenvolvimento profissional sem o inglês é muito inferior, senão nulo", afirma.

Entrevistas em línguas estrangeiras, sobretudo em inglês, são mais comuns em empresas de maior porte e para níveis hierárquicos mais elevados, como diretores e gerentes, segundo Larissa Meiglin, consultora de Recursos Humanos da Catho. "O mais indicado é que o profissional invista no conhecimento do inglês antes de aprender outro idioma. É melhor ter o inglês fluente e não saber o espanhol, por exemplo, do que falar os dois idiomas, mas no nível intermediário".

Larissa ainda afirma que, mesmo que a fluência em outro idioma seja muito importante, ainda prevalecem as características e habilidades comportamentais durante o processo de seleção." Isso ocorre, principalmente, porque para os gestores, conhecimentos técnicos são mais fáceis de desenvolver posteriormente, ao contrário de dificuldades de relacionamento, por exemplo."

Para Nara Vidal há muita publicação e pesquisa em inglês e não entender a escrita acaba limitando o acesso a informação. "Uma segunda língua é inevitável para o sucesso à vaga. Quem fala apenas uma língua que não seja o inglês, tem sim, menos chances. A razão disso deve-se ao grande mundo globalizado."

Inglês passou a ser crucial para qualquer pessoa se incluir social e profissionalmente. Mas o sucesso do Brasil para produzir profissionais globalmente capacitados, está diretamente ligado ao investimento do ensino bilíngue desde os quatro ou cinco anos para todas as crianças. "Motivar a criança a sentir que aprender uma língua adicional, o inglês, significa a verdadeira inclusão social o tornará um profissional mais qualificado, com esse idioma a mais que é requisitado pelas empresas", reforça Nara.

Aprender o idioma no Brasil ou fora?

De acordo com Nara Vidal, se a pessoa passou a vida não se interessando pelo idioma inglês ou não tendo chance de estudá-lo, vai ter dificuldades em competir com que sempre fez e já está preparado. Assim sendo, o ideal é uma total imersão, para quem pode, no exterior. "Mas uma vez implementado um sistema bilíngue no Brasil que inclua escolas públicas, aprender no Brasil será tão satisfatório quanto no exterior."

A especialista diz que o sucesso no aprendizado da língua adicional se deve a vários fatores, como a boa formação dos professores, motivação dos alunos, mas a prática é essencial. "A questão fundamental da língua é o seu uso frequente. Aprender depois de uma certa idade é muito mais difícil e as chances de bilinguismo são dramaticamente reduzidas."

A especialista finaliza dizendo que além de entender o idioma, é necessário aceitar a cultura alheia que tal língua trás. "As línguas abram não só caminhos, mas mentes também."

"Não arrumei emprego por causa do inglês"

Beatriz Osório, 25 anos, especialista em licitações, afirma que tem infinitos cursos e uma experiência de dez anos nessa mesma área, mas prejudicou-se quando concorreu para uma vaga, pois seu futuro chefe quis fazer uma entrevista em inglês. " No meu atual trabalho eles nunca exigiram, cheguei a cursar por cerca de um ano, mas parei achando que era melhor fazer mais cursos na área, e agora vejo o quanto está me prejudicando o fato de não ter fluência."

A jovem afirmou que após esse "não" para uma nova experiência no mercado de trabalho estimulou a vontade em investir em idiomas. " Acredito que se eu tivesse aprendido desde pequena, teria um melhor salário e emprego", finaliza.

Pilotos na mira

Recentemente um caso envolvendo pilotos de avião deixou claro a necessidade de falar outras línguas com fluência. A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) cancelou o teste de inglês de 95 profissionais brasileiros que fazem voos internacionais por considerar que a proficiência deles na língua é ruim. Eles fizeram um teste na Espanha, onde foram aprovados, mas o resultado não é reconhecido pela agência e eles podem ser proibidos de voar. 

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